18 de maio: ia Nacional da Luta Antimanicomial

"Foi em 18 de Maio de 1987, no Congresso de Trabalhadores de Saúde Mental, em Bauru, SP, que surgiu o Movimento Nacional da Luta Antimanicomial. Trata-se de uma ação social, que tem como princípios o fechamento dos manicômios do País e a promoção de um tratamento digno e territorial para todas as pessoas com experiência de sofrimento psíquico e de uma cultura de respeito às diversidades. E é exatamente no dia 18 de maio que se comemora em todo o País o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, com passeatas, debates, atividades culturais, enfim, uma semana de manifestações públicas que reafirmam junto à sociedade a importância da concretização plena desses ideais" (CRP-SP)

Luta na Luta Antimanicomial

A loucura, tanto já elogiada (Rotterdam), homenageada (Bispo do Rosário), prestigiada (Pinel), quanto mal tratada (Austregésilo Carrano) participa agora de um embate sobre sua possibilidade de liberdade e, mais: sobre o que é ser livre, sendo louco.

O poeta Ferreira Gullar tornou pública sua posição contrária à luta antimanicomial, na defesa dos hospitais psiquiátricos como os guardiães zelosos da loucura. Em seu texto, publicado no Caderno Ilustrada, do Folha de São Paulo, no dia 12 de abril, ele fala de sua convivência e de seu sofrimento com a loucura. Em tom confessional, fala de seus dois filhos "nesse estado"(sic) e de sua dor por interná-los para salvá-los e a sua família.

Não serei a porta-voz deste pai depoente, tampouco do poeta desta magnitude. Deixo o link de seu texto e a manifestação do Conselho Regional de Psicologia - SP, do qual me aproximo ideologicamente, sem deixar de me compadecer com o poeta.

“O poeta Ferreira Gullar já abraçou em sua longa e admirada carreira política e intelectual causas mais nobres do que a defesa do lucro de hospitais privados e da indústria farmacêutica. Sim, porque a lei que acabou com verdadeiros matadouros, como os de Barbacena (MG) ou do Juquery, em Franco da Rocha (SP), instituindo um tratamento humanizado para os doentes mentais, em substituição à segregação, desagradou apenas às grandes empresas que lucram com as doenças. É triste ver um poeta usar sua sensibilidade para louvar as virtudes de um remédio (Haldol) ou as instalações cinco estrelas de clínicas psiquiátricas. Não por acaso seu artigo recebeu apoio entusiasmado dos lobbies interessados em restaurar a situação anterior à reforma que instituiu o tratamento ambulatorial e reservou a internação apenas para os casos mais graves, durante crises agudas. Somos solidários com a angústia e a dor de quem tem filhos esquizofrênicos como ele, a quem só podemos dizer, com suas próprias palavras, ‘que a vida vale a pena, mesmo que o pão seja caro e a liberdade pequena’. A liberdade de quem tem sofrimento mental é pequena. A todos nós, sobretudo aos poetas, cabe aumentá-la, com amor e tolerância.” Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (São Paulo, SP)

cultura é... Um modo de sermos quando todo o resto nos nega (Mia Couto)



Algumas curiosidades sobre o mágico das palavras - o moçambicano Mia Couto. Fui apresentada ao escritor através de um pequeno comentário sobre sua biografia, num site relacionado à literatura de língua portuguesa, a partir do que presenteei-me com A Varanda do Frangipani. A leitura de Mia é cheia de gratas surpresas; aconselhável ter caderneta e lápis ao pé de si, quando estiver em companhia de Mia: muitas são as frases reflexivas e as ideias que sucitam em nós! Para mim, dA Varanda, fiquei com "Faço na palavra o esconderijo do tempo".
Em visita ao Brasil, participou do 16 COLE -- Congresso de Leitura do Brasil, em Campinas (SP) -- e tive a alegria de ouvi-lo contar histórias de sua vida e de sua arte.
Segue para os curiosos, os já fãs, os leitores de plantão, e os pré-fãs, link com entrevista realizada pela Revista Cultura.
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17o COLE - Congresso de Leitura do Brasil a acontecer entre os dias 20 e 24 de julho de 2009, na UNICAMP. Uma oportunidade de aproximação, degustação e fruição da arte literária! O mote desta edição é trecho de um poema de Manoel de Barros, que segue abaixo:


"Arte não tem pensa:
O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê.
É preciso transver o mundo.
Isto seja:
Deus deu a forma. Os artistas desformam.
É preciso desformar o mundo:
Tirar da natureza as naturalidades.
Fazer cavalo verde, por exemplo.
Fazer noiva camponesa voar – como em Chagall"
(Manoel de Barros, “As lições de R.Q.” in Livro Sobre Nada. Rio de Janeiro: Record, 2000, p. 75)
Para saber mais sobre o COLE, acesse: http://www.alb.com.br/portal/17cole/index.html

Momento Infante

"-- Vicentão, qual o parentesco do vagalume com o canivete?
-- Parentes colados! O vagalume, quando pisca a sua luz, separa a escuridão da claridade. E disso é que vive o canivete: de separar, de cortar"
Francisco Marques